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Não vivi no tempo dos meus pais em que tinham sempre a PIDE à perna e a censura era o pão nosso de cada dia…
Mas por vezes existem situações em que revemos nos relatos dos nossos pais e avós. Ainda nem um ano passou e essa sensação já por mim passou… Na altura dos chamados independentes o clima de suspeição estava instalado e tudo o que mexia fora da rotina quotidiana era encarada como uma potencial ameaça.
As pseudo reuniões, os cafés ocasionais, os encontros (in)esperados, tudo contribuía para o acréscimo do clima de suspeição, aumentando a adrenalina de quem corria com medo de ser descoberto à imagem da Guerra Fria…
Eis que chega dia 10 de Junho e tudo muda…
Após uma grande vitória a 16 de Dezembro de 2001, tomamos posse no dia 5 de Janeiro de 2002.
Lembro-me de na altura me terem dito:
“Agora é só trabalhar, tens muito trabalho pela frente…”
E de facto não se tinham enganado, após a tomada de posse deparamo-nos com uma Junta desorganizada com duas caixas de resmas de papel todo a monte… Uma completa desorganização…
Com 21 anos tinha sido eleito o mais jovem membro de uma Assembleia de Freguesia do Concelho de Paredes, senti-me feliz na altura e ao mesmo tempo com a responsabilidade de ser a representação de toda uma geração.
Engraçado que após uma eleição, todos são nossos “amigos”… pelo menos até compormos a rua de um, a valeta de outro… e logo após a tomada de posse todos querem que tudo seja feito para ontem! Sem se lembrarem que os anteriores tinham lá estado 12 anos sem nada terem feito… Deveras curioso…
Lembro-me das primeiras Assembleias que chegavam a demorar 2 e 3 horas, dignas de uma Assembleia Municipal, com a oposição com o trabalhinho de “Bota Abaixo” feito…
4 anos sem uma única ideia, uma única proposta… É triste…
Ao longo dos 4 anos lançamos muitas grandes e pequenas obras… sim pequenas obras… porque são essas que fazem a diferença… um buraco aqui, um valeta ali… pequenas coisas que fazem grandes diferenças…
Na tentativa de relembrar a população criamos um boletim anual que mostra todo o trabalho desenvolvido ao longo do ano pela Junta…
Lembro-me de afirmamos que estaríamos 4 anos e depois íamos ao Julgamento, ao Tribunal do Povo e pelos vistos o Povo considerou que estávamos no caminho certo…
2001. No meio do turbilhão académico entre fim de curso de fim de estágio curricular surgiu a campanha eleitoral das autárquicas 2001.
Confrontado com o desafio de eleger um candidato do PSD numa terra tradicionalmente socialista com o aliciante de uma sociedade cansada e fustigada pelo “tufão Guterres", estavam reunidas as condições para aquele que considero um dos maiores desafios para quem estava a terminar um curso na área.
Derrubar um Presidente de Junta que se encontrava no poder desde 1989 não é tarefa fácil, mas não impossível… Com uma campanha forte e aguerrida a vitória foi difícil, logo mais saborosa. Em 2001 nem as eleições para a Câmara Municipal tinham sido tão disputadas, como alguém considerou: “Na Sobreira viveu-se um verdadeiro clima idêntico ao Afeganistão.” Mas no final, a vitória foi justa e merecida pela campanha apresentada.
O PS adormeceu na sombra do poder e somente utilizou o período eleitoral para campanha. Entre sessões de esclarecimento, comunicados, boletins de campanha e cartazes alusivos aos partidos o povo continuava o mais indeciso possível, a margem de erro das sondagens rondava os 40%...
No final a vitória por escassos votos fazia prever um mandato limitado e condicionado pela curta margem…